"Uma nação não se perde porque uns a atacam, mas porque aqueles que a amam não a defendem." - Don Blas de Lezo y Olavarrieta.
Dia 7 de setembro é aquele fatídico dia em que grande parte dos brasileiros, mesmo aqueles que não se importam com a Pátria nos outros 364 dias do ano, chegando mesmo a odiá-la, ao menos tomam conhecimento de quais são as cores presentes na bandeira nacional, e talvez escutam nosso hino em algum desfile cívico. Em 1822, o Brasil separou-se do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, dando origem ao que seria, por menos de 70 anos, o Reino e posteriormente Império do Brasil, hoje desgraçadamente republicano, a partir do golpe de 1889. Mas o presente artigo está longe de ser um extenso estudo histórico, político e sociológico do país. Tratem-no como uma curta coletânea de pequenas considerações acerca da nossa nação, deixando de lado o nacionalismo barato e maléfico e trazendo à tona um patriotismo saudável, aninhado sob as asas da Verdadeira Religião.
Ora, o subtítulo do artigo é o dito de um almirante espanhol. Qual o motivo? Para quem não o conhece, forneço alguns rápidos dados biográficos a respeito de Don Blas de Lezo: era basco, entrou para a Marinha com apenas 12 anos e passou as próximas quatro décadas de vida envolto em batalhas a serviço de sua Pátria, do Rei e, por conseguinte, de Deus. O Império Espanhol era, ainda que decadente nos conturbados séculos XVII e XVIII, o bastião da Cristandade. Blas foi ferido em combate vezes sem conta, perdendo um olho, uma perna, teve um braço completamente inutilizado, sua postura encurvou-se e por isso foi apelidado de medio-hombre de maneira depreciativa pelos inimigos. Chegou ao posto equivalente ao de Almirante e, com uma frota de apenas seis navios e alguns milhares de homens, enfrentou a maior invasão pelo mar até o Desembarque da Normandia, quando os ingleses e seus quase 200 barcos quiseram conquistar Cartagena e levar o Império Espanhol à bancarrota definitiva. Os anglicanos confeccionaram medalhas e moedas comemorativas antes do resultado final, pois a vitória era dada como certa. Ah, vão pensamento! Don Blas de Lezo venceu, heroicamente. E mais que ganhar a batalha, é provável que também ganhou o Céu, ao falecer na amizade com Deus naquele dia 7 de setembro de 1741. Foi esquecido, até mesmo em sua pátria. Nem ao menos se sabe ao certo onde estão seus restos mortais. Tal personagem certamente parece saído daquelas lendas nacionais fantásticas, ou dos filmes de Hollywood. Entretanto, ele existiu: o amor a Deus, em primeiro lugar, e à Pátria levou Don Blas a feitos heroicos, e sua frase encaixa-se perfeitamente no cenário nacional. Explicarei.
Os acontecimentos da última semana foram acentuadamente trágicos, com o incêndio no antigo Palácio Imperial, bastião de 200 anos de história e pesquisa, com um acervo que ultrapassava nossas fronteiras, chegando ao Antigo Egito e à Pré-História, e o atentado contra o presidenciável Jair Bolsonaro, opção de voto, ainda que longe de ser perfeita, para os milhões de católicos no país. Providencialmente, ele permanece vivo e em estágio de recuperação. Em ambos os casos vê-se a influência maligna do ideário esquerdista: o Museu estava sob a tutela da UFRJ, antro PSOLista. Dinheiro para exposições imorais e espetáculos de música degradante há, mas para a salvaguarda da memória nacional, não; no outro ocorrido, o criminoso que tentou assassinar Jair, Adelio Bispo de Oliveira, foi filiado a tal partido e, mesmo depois do afastamento, seguiu apoiando a liberdade de Lula, páginas leninistas, marxismo em geral: seu ato foi desejado por muitos, e o sadismo tomou conta dos escritórios, salas de aula, ruas e ambientes virtuais, onde os mesmos que se dizem contra a suposta "violência apregoada por Bolsonaro" zombaram, lamentaram que o óbito não se concretizou e duvidaram da veracidade do ataque por não enxergarem sangue.
Que o socialismo fez e ainda faz um mal inenarrável ao Brasil, isso é um fato que qualquer um com boa-fé constatará se observar as últimas décadas. Derrotados militarmente pela revolução de 1964, os partidários da esquerda imiscuíram-se nas escolas, universidades e mídia e conseguiram convencer um número expressivo de militantes ativos e várias pessoas simples, através de uma linguagem repleta de promessas e migalhas de pão em troca de voto, e através da inveja, ira e avareza motivada pela visão do constante choque de classes da doutrina de Marx e a vontade niveladora, visando o fim das hierarquias e o igualitarismo total. Jogaram os negros contra os brancos, os filhos contra os pais, as mulheres contra os homens, os alunos contra o professor, entre outros exemplos. São esses que, após incentivarem direta e indiretamente a subversão da desigualdade natural e da ordem criada e mantida por Deus sob o véu do bom mocismo, queixam-se a respeito do clima de instabilidade, ódio e acirramento das tensões, como se o próprio descontentamento social não estivesse relacionado a esse ataque violento, constante e literalmente corruptor ao brasileiro médio, de natureza pacífica, tradicionalmente ligado à religião e à família.
Entretanto, a mazela socialista não chegaria tão longe, e é provável que nem viesse à existência, se antes o liberalismo não preparasse o terreno, preparação essa que chegou no auge com a Revolução de 1789, derrubando o Rei e perseguindo a Igreja na França, os dois pilares que sustentavam a nação. Esse germe, já preparado por Locke, Rousseau, Voltaire e outros, penetrou nos principais países do mundo. Mesmo nossos monarcas e estadistas foram liberais, mantendo estreitas relações com a maçonaria em detrimento da Igreja: Dom Vital, bispo de Olinda, que o diga. O liberalismo deu origem ao sistema democrático moderno, eliminando as camadas intermediárias da sociedade entre o indivíduo e o Estado, agora laico, subvertendo sua significação e objetivo naturais e apartando a Pátria das suas raízes históricas através de um constitucionalismo de modelo americano. A própria Constituição de 1891 é profundamente baseada nos Estados Unidos. Desconsiderou-se nossa formação intrinsecamente municipalista, monárquica, lusitana, ibérica, latina e, acima de tudo, católica. Os índios e os negros, vistos hoje como explorados e oprimidos, aceitaram, em sua maioria, o catolicismo com devoção: os relatos mais antigos dos grandes catequizadores do Brasil e as confrarias de negros escravos e libertos, em Minas Gerais e outros estados, o comprovam. Negar tais raízes é negar o Brasil.
E é dessa independência que nossa nação precisa, tanto dos grilhões socialistas que agravaram o problema, a ponto de encontrarmos hoje uma multidão de jovens sem futuro, imersos em vícios que matam suas almas e em escolas decadentes que arrefecem sua inteligência, e uma multidão de vítimas de homicídio que somam a cifra impressionante de 60 mil (excluindo-se os desaparecidos e vítimas de outros crimes aviltantes), quanto do veneno liberal, que apartou a Pátria da Santa Cruz, veneno este que encontra-se arraigado em inúmeros círculos ditos conservadores e de direita, de matiz anglo-saxônica e que se entristece por não sermos colônia de piratas holandeses ou ingleses, laicista, utilizando-se da religião como mera ferramenta política, uma parte relativamente importante da cultura, e não como a Verdade que deve ser almejada por todo homem; olvidam-se de que o Estado tem a função de auxiliar a Igreja nesta tarefa, a espada temporal subordinada à espiritual, organizando a sociedade civil e respeitando o princípio de subsidiariedade, a autonomia da família, célula-mãe social, e de todos os organismos intermediários, associações e comunidades que decorrem da união das famílias.
E como essa independência se dará? É necessário que os brasileiros tenham orgulho de sua história, não vergonha. Se amamos nosso país, devemos defendê-lo e, para defendê-lo, devemos conhecê-lo. O primeiro ato de grande porte celebrado neste solo foi a Santa Missa, em 26 de abril de 1500. Terra de Santa Cruz desde o princípio, reforçada pela aparição de Maria Santíssima em meio à simplicidade rural do começo do século XVIII. Herdeira de Covadonga, quando os visigodos cristãos venceram os muçulmanos invasores com o auxílio da Virgem, constituindo o Reino de Astúrias e iniciando a Reconquista. Herdeira de Ourique, quando Portugal formou-se do então Condado Portucalense por Dom Afonso Henriques, também com o auxílio dos céus. Nossa nação, já forjada com a alma apostólica e desbravadora de São José de Anchieta, de Manuel da Nóbrega, dos navegadores portugueses que arriscavam suas vidas no mar revolto e rumo ao desconhecido, dos bandeirantes que adentravam as selvas mais fechadas, precisa voltar ao seio protetor da Santa Igreja, construtora e protetora da civilização. É somente com a adoração do coração de cada um de nós a Nosso Senhor Jesus Cristo, e com o consequente Reinado Social que daí decorre nas escolas, nas instituições, nas leis, na mídia, no governo, publicamente anunciado e sem escrúpulos, que o Brasil terá a tão almejada ordem e progresso. E cabe a nós, que temos amplo acesso à cultura, levar esse Brasil moribundo, mas curável, observável de maneira sutil na humildade dos rincões do país, onde a loucura moderna e urbana pouco penetrou, à luz novamente.
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